domingo, 31 de maio de 2009

A falta que os intérpretes fazem !

No ano passado, dos 64.150 alunos surdos recenseados pelo Ministério da Educação no Brasil, 54% estavam em classes regulares. Mas o primeiro levantamento que cruzará o número de intérpretes com as matrículas dos deficientes auditivos só deve ser feito este ano. Mesmo antes da divulgação dos resultados, especialistas e autoridades imaginam o que ele dirá: não há profissionais suficientes.

É por causa da carência que entidades do setor ainda defendem as escolas especiais segregadas até o fim do Ensino Fundamental. Em muitas unidades de ensino regulares, alunos surdos ainda estudam sem intérpretes, o que revolta integrantes da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis). "A inclusão não está funcionando", diz o diretor da entidade em São Paulo, Neivaldo Augusto Zovico. "Os professores estão despreparados e as secretarias de Educação não contratam intérpretes. Os alunos acabam frustrados por não entender nada e desistem", reclama.

A coordenadora do Programa de Acessibilidade da Derdic-PUC, Maria Inês Vieira, defende o mesmo ponto de vista. "Acredito em inclusão na sociedade, mas não na Educação Básica", diz. Ela explica que, para o aluno surdo, o português é uma segunda língua e deveria ser ensinado após a primeira, libras. A diretora de Educação Especial da Secretaria de Educação Especial do MEC, Martinha Dutra, afirma que a inclusão total é uma questão de tempo. "Faltam profissionais porque tudo é muito novo.

A própria regulamentação do intérprete no Ministério do Trabalho ainda está em curso, mas isso vai ser acelerado com a multiplicação do conhecimento de libras", argumenta. Pela nova perspectiva de trabalho das autoridades, as instituições especializadas deixam de receber verbas por crianças atendidas de maneira segregada, em escolas especiais.

No novo modelo, essas entidades devem usar a experiência acumulada para ajudar a inclusão na rede pública, em contratos com estados e municípios, por exemplo. Outro fator que incentiva essa modernização é um decreto federal, assinado em 2008, que dobra o valor do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb) para alunos com deficiência inclusos na rede regular, se atendidos pelo contraturno público e estudando regularmente com intérprete, como manda a lei.

2 comentários:

  1. E estão surgindo cursos de graduação para intérpretes!
    Bacharelado em Letras - Tradução e Interpretação em Libras - REDE METODISTA DO SUL

    De maneira a atender uma carência legislativa e de profissionais no mercado, o IPA será a primeira instituição de ensino superior do Rio Grande do Sul a implementar um curso presencial de Bacharelado em Letras – Tradução e Interpretação em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Isso, de acordo com a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. A lei entende como língua brasileira de sinais (LIBRAS), a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico é de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituída na transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas. Conforme o decreto nº 5.626/05, que regulamenta a lei acima citada, o(a) tradutor(a) de LIBRAS pode ser usuário(a) nativo(a) dessa língua, possuir certificado de curso superior ou certificado de proficiência em tradução e interpretação em LIBRAS, obtido por meio de exame promovido pelo MEC.
    O curso de Bacharelado em Letras - Tradução e Interpretação em Libras, no IPA, será composto de sete semestres e uma carga horária total de 2.984 horas, com aulas, atividades complementares e estágios. Será oferecido no turno da tarde e terá na sua matriz curricular diversas disciplinas compartilhadas com os outros cursos da Instituição, particularmente, com as licenciaturas em Letras. Para a coordenadora do curso, Elaine Indrusiak, esta é “uma oportunidade de ampliarmos a atuação na área de Letras tornando-a mais efetiva e inclusiva. Como é o primeiro curso no Estado, em nível de graduação presencial, primeiramente, vem atender a lei que prevê que tradutores(as) e intérpretes de língua de sinais tenham de ser formados(as)”.
    (Clique aqui e visualize a matriz curricular do Bacharelado em Letras – Tradução e Interpretação em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

    Outras informações sobre o processo seletivo de inverno podem ser na Central de Atendimento Telefônico, pelo número 0800-5411100.

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  2. Muito bom post Neivaldo,

    Acredito que enquanto ainda não houver profissionais capacitados e bem treinados para atuar com o Surdo no espaço educacional a escola especial é a melhor solução. E mesmo quando houver um numero de profissionais habilitados, o escola especial para Surdos será sempre o melhor.

    Abçs
    www.viniciusnascimentoempauta.blogspot.com

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