“Obrigatório matricular alunos surdos em escolas regulares”
No dia 26 de setembro as 12:00hs, na Av. Paulista, a maior e mais famosa Avenida de São Paulo, foi realizada uma passeata dos surdos. Neste dia comemoramos o Dia Nacional do Surdo, mas, em vez de festejar, os surdos se manifestaram contra o Parecer 13 do CNE que recomenda a obrigatoriedade da matricula de alunos surdos em escolas regulares. O Ministério da Educação não entende nada sobre a Língua de Sinais usada pelos Surdos, refere que esta é apenas uma ferramenta. A Língua de Sinais não é uma simples ferramenta, é sim uma língua oficial brasileira e é a primeira língua do surdo. Sendo considerada a primeira língua dos surdos, que em sua grande maioria são filhos de pais ouvintes e que, portanto não conhecem a língua do filho, é na escola de surdos que ele e sua família terão a possibilidade de adquiri-la. Entender que o surdo é diferente dos demais deficientes que falam a mesma língua oral das escolas regulares os surdos devem ter o direito de estudar nas escolas de surdos para ter oportunidade de aprender mais e depois de adquirir a língua de sinais e o português escrito então sim irão para a escola regular com interprete de LIBRAS/Língua Portuguesa e vice versa. De preferência a inclusão do surdo na escola regular deverá ocorrer no Ensino Médio.
Antes da passeata, os lideres do movimento da comunidade surda de São Paulo, Neivaldo A. Zovico - Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da Feneis, Paulo Vieira – Presidente da Associação dos Surdos de São Paulo, Maria Ines da S. Vieira – coordenadora do Programa de Acessibilidade da DERDIC/PUCSP, outros lideres surdos e representantes de instituições e escolas de surdos, fizeram uma reunião para se manifestar contra a obrigatoriedade, e organizarem a passeata que foi divulgada por meio de filmagem veiculada no site Youtube por apenas uma semana. Na reunião foi discutida também a importância de nossa participação na CONAE – Conferência Nacional de Educação, que dará base para o Plano Nacional de Educação (PNE) para os próximos 10 anos. Nosso objetivo era que pudéssemos ser ouvidos pelo CONAE nas nossas reivindicações.
A passeata começou no vão do MASP com a participação de muitos surdos, ouvintes pais e professores de escolas de surdos de outras cidades como São Bernardo do Campo, Diadema, Santo Andre, o numero de pessoas chegou a ser de aproximadamente 600 pessoas. Foram transferidos para outro lado da avenida, a pedido da Policia Militar e também do CET, para pode estacionar o carro de som no Parque Trianon. Os lideres surdos fizeram discurso sobre a importância da manifestação contra o Parecer do CNE, a importância da Educação de crianças surdas serem em Escolas de Surdos para sua aquisição de linguagem, a importância de terem professores surdos trabalhando nas escolas de surdos e, também sobre a CONAE - Conferencia Nacional de Educação onde os surdos foram convocados como delegados estaduais e iriam lutar pelas mesmas reivindicações. Depois foram caminhando do Trianon até a Rua Augusta, voltaram pelo outro lado da via e foram até a emissora Jovem Pan, a única que mostrou interesse em entrevistar os lideres surdos com a interprete Maria Inês Vieira. Os líderes reafirmaram que o Governo deve respeitar a língua dos surdos e o surdo poderá escolher a escola que pretende estudar e não ser obrigado a estudar em escola regular. O surdo é diferente dos demais deficientes que usam a mesma língua da sociedade ouvinte e por isso protestaram para que as escolas de surdos continuem funcionando, pois é nela que as crianças surdas poderão aprender de verdade, poderão se construir com identidade surda positiva, acreditando na sua capacidade e no seu potencial, este é nosso direito.
Fonte : Neivaldo A. Zovico/apoio Maria Ines Vieira.
Foram diversas pessoas surdas e ouvintes, inclusive pais, famílias e professores assistindo o discurso.
Prof. Neivaldo Zovico, Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da Feneis faz discurso sobre reivindicação.
Paulo Vieira, Presidente da Associação dos Surdos de São Paulo faz o discurso.
Profa. Moryse Vanessa Saruta faz discurso sobre o valor da nossa cultura Surda.
Prof. Ricardo Nakasato, o mais antigo professor de LIBRAS fala sobre valorização dos professores surdos.
Pessoas surdas e ouvintes com diversas faixas atravessaram na Av. Paulista.
Faixas diversas mostrando nas ruas para o povo a conhecer os direitos dos surdos.
Em frente da Emissora de Jovem Pan que foram convidados para entrevistar os lideres surdos. Os lideres surdos entrevistam com a interprete de LIBRAS sobre o protesto do MEC.
Tenho uma filha surda e estou sofrendo as consequencias dessa "burrice" que querem fazer com nossas crianças surdas.
ResponderExcluirSegundo outras mães, a escola vai mesmo fechar e terei que colocá-la numa escola regular.
Imaginem a dificuldade que ela vai ter p/ aprender?
A escola não tem interprete.